quinta-feira, 20 de março de 2008

Cordel do Amor sem Fim

(Cena do espetáculo Cordel do Amor sem Fim)
Durante os dias 7,8,9, 14,15,16 de março esteve em cartaz no Teatro Santa Roza o espetáculo “Cordel do Amor sem Fim”. Texto da dramaturga baiana Cláudia Barral e direção do paraibano Horieby Ribeiro.
A peça conta a história de três irmãs (Carminha, Madalena e Tereza) e como estas vivem e pensam o amor. A cena acontece em Carinhanha, interior da Bahia.
O drama começa quando Tereza vai à feira comprar farinha e conhece Antônio .
A paixão é imediata. Este promete voltar em breve.
Os anos passam e Tereza é incapaz de esquecer este amor. Antes de conhecê-lo, Tereza estava prometida em casamento a José que não se conforma por ter sido traído. As irmãs de Tereza se dividem entre o amor de José e o amor de Antônio. Carminha acredita nas palavras de Antônio e acalenta os sonhos de Tereza, enquanto Madalena acredita que o melhor para sua irmã caçula é o amor de José. A vida de Tereza resume-se a espera deste grande amor enaltecido pela promessa de uma volta em um tempo indefinido. O que será de Tereza? José a perdoará? Antônio voltará?
“... uma dramaturgia escrita numa linguagem simples, mas muito rica na sua carpintaria dramática, um texto, com grande intensidade poética e cômica, onde se revelam os sentimentos de amor e ciúme. Com base neste clima, estimulei os atores a construir os personagens sempre buscando do interior de cada um seus sentimentos, mesclado numa linguagem circense onde a característica principal é a presença dos palhaços de cada um em cena. Esteticamente construí uma obra cênica que possa conduzir o espectador ao universo do cordel, apresentado numa composição plástica com base na xilogravura, nas cores preta e branca, com destaque apenas para o vermelho dos narizes dos palhaços``explica Horieby Ribeiro. (http://www.db.com.br/noticias/?79402)
Um espetáculo grandioso sobre as delícias e dores do amor!

Memória

(A persistência da memória, Salvador Dalí)


"E esse pensar, alimentado pelo presente, trabalha com 'os fragmentos do pensamento' que consegue extorquir do passado e reunir sobre si. Como um pescador de pérolas que desce ao fundo do mar, não para escavá-lo e trazer à luz, mas para extrair o rico e o estranho, as pérolas e o coral das profundezas, e trazê-los à superfície, esse pensar sonda as profundezas do passado - mas não para ressuscitá-lo tal como era e contribuir para a renovação das coisas extintas. O que guia esse pensamento é a convicção de que, embora vivo, esteja sujeito à ruína do tempo, o processo de decadência é ao mesmo tempo um processo de cristalização, que nas profundezas do mar, onde afunda e se dissolve aquilo que outrora era vivo, algumas coisas 'sofrem uma transformação marinha' e sobrevivem em novas formas e contornos cristalizados que se mantêm imunes aos elementos, como se apenas esperassem o pescador de pérolas que um dia descerá até elas e as trará ao mundo dos vivos - como 'fragmentos do pensamento', como algo 'rico e estranho' [...] (Hannah Arendt. Homens em tempos sombrios)